Pelo que ouvira falar de Montebelluna, esperava encontrar um pequeno vilarejo com aspectos arquitetônicos das vilas antigas de ruas estreitas e de população predominantemente rural, mas esta impressão foi se dissipando assim que saímos da estação de trem e cruzamos a praça com o monumento em homenagem ao emigrante; uma avenida larga, o bosque, e quando paramos em um shopping para tomar uma “birra Moretti”; pelo movimento, estrutura e pelos freqüentadores do local senti como se estivesse em uma grande metrópole, apesar de a cidade ter pouco mais de 30.000 habitantes, isto foi em uma quarta-feira, quando tem na cidade uma grande feira livre.

Voltamos no sábado para encontrar e conhecer nossos parentes da Itália, e aí foi para lavarmos a alma. Esperavam-nos na estação de trem o Emílio, nosso primo que fora nos recepcionar no aeroporto quando de nossa chegada em Veneza, acompanhado pelos demais primos: Giovanni, Roberto e Sérgio, com suas “máquinas” para nos mostrar lugares históricos da cidade. Na Igreja de Santa Lúcia, que se encontra em restauração e fechada ao público, nos aguardava um simpático e divertido senhor que gentilmente, conforme solicitação de nossos familiares abriu a igreja para que a gente a conhecesse, e contou a história daquela Igreja, da genialidade do arquiteto que a projetou, do posteriormente famoso pintor que iniciou ali seus trabalhos artísticos, citando entre outras coisas o quadro que o artista fez do “afresco” sobre o altar, e que há poucos anos foi encontrado em um museu em uma cidade dos Estados Unidos, resultado de mais uma das milhares de obras de arte que foi roubada da Itália e distribuída por todo o mundo, citando o caso do Museu do Louvre em Paris, onde metade das obras de arte foi roubada por Napoleão Bonaparte da Itália, incluindo aí a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, e as escadas do Museu que foi transportada de uma construção de Roma. Contou com detalhes toda história do lugar com destaque a Motello, que como o nome sugere é uma montanha, de mata, onde se iniciou a cidade, e que posteriormente seus habitantes foram expulsos, e o local foi ocupado pela indústria naval que utilizaram suas árvores para a construção de navios, o lugar também foi um ponto estratégico durante a Primeira Guerra Mundial. Lugar de beleza natural com um observatório astronômico milenar, uma igreja histórica algumas moradias, mas também é lembrado como um local onde muitas pessoas foram assassinadas pela resistência quando de suas expulsões da antiga vila e dos soldados que morreram durante a Primeira Guerra Mundial, por falar desse conflito, existe um grande monumento no centro de Montebelluna em homenagem aos heróis que deram sua vida pela Itália nesse conflito, entre eles Michele Barbisan, primo de meu avô, conforme consta em nossa árvore genealógica.