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Dionisíaca, rota de Baco
Dionisíaca, rota de Baco

      

Torre na praça del Popolo, na cidade Montalcino (I


(Foto 1/1)

 


Dionisíaca, rota de Baco passa por Verona e Montalcino


SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO DA FOLHA DE SÃO PAULO


Na península Itálica, território que os gregos denominavam "Enotria Tellus" (terra de vinhedos), os caminhos do enoturismo podem levar a propriedades tradicionais.


Os romanos, aliás, batizaram de Baco o mitológico deus do vinho, o mesmo que os gregos chamavam de Dionísio. Mas devem ter sido os fenícios, em 6 a.C., os primeiros a cultivarem a videira.


Curiosamente, foi sob o cristianismo que o vinho teve impulso -e há, inclusive, quem tenha contado 165 menções na Bíblia à bebida feita de uvas e usada desde logo por sacerdotes católicos na celebração da missa.


Pródiga em regiões vitivinícolas, a Itália encerra múltiplos roteiros para quem procura enoturismo, prazeres da mesa, paisagens e história.


VERONA


Na região do Vêneto, Verona (www.tourism.verona.it) alia predicados. Dona de vinhedos ancestrais, é a segunda maior cidade italiana no quesito ruínas romanas; nisso, só perde para Roma.


Exibe um anfiteatro oval de mármore que, edificado por volta de 30 d.C., tem diâmetro de 139 m na parte maior, de 110 m na menor, e inspirou a peça shakesperiana "Romeu e Julieta".


Para comer e beber à veronesa, a Antica Bottega del Vino (www.bottegadelvino.net) remete ao tempo em que Verona foi... austríaca.


No nível da viccolo Scudo di Francia, 5, funciona uma espécie de bar com sanduíches abertos exibidos num balcão refrigerado (há até quem tome cerveja por lá).


Mas é no subsolo, num porão onde há mesas reservadas, que a propriedade guarda vinhos raros.


Nessa adega, que estranhamente não é climatizada, as garrafas estão avaliadas num total de € 2 milhões.


VALPOLICELLA (VÊNETO)


No entorno de Verona, os vinhedos produzem vinhos como o valpolicella, o soave e o bardolino. Mas a joia dessa região vinícola se chama recioto, um vinho fortificado com uva-passa (ou "passita"). Há quem trace sua origem até o vinho que os césares, por volta de 100 a.C., chamavam de "raeticus".


Um dos maiores produtores locais, a Bertani, controlada pela família Pedrón, produz seu recioto ao redor de um palácio rural aristocrático, a Vila Nogare (1857), que dista só 15 km de Verona.


Esse tinto potente análogo ao amarone é feito de uvas da varietal corvina. E como o cacho dessa uva tem ramificações superiores que parecem duas orelhinhas, há quem afirme que o nome recioto della Valpolicella aluda justamente a esses pequenos cachos adicionais: isso porque, no dialeto local, "recchia" quer dizer orelha.


Visitada por intelectuais e políticos, a Vila Nogare foi onde, a convite da condessa Elisa Mosconi, o poeta Ippolito Pindemonte (1753-1828) traduziu a "Odisseia", de Homero, do grego para o italiano.


MONTALCINO (TOSCANA)Montalcino


Outra cidade emblemática para o vinho italiano, Montalcino (www.comunemontalcino.si.it), na região da Toscana, fica a 42 quilômetros ao sul de Siena, outra cidade ancestral de predicados bem turísticos.


Elevada, a 564 m de altitude, Montalcino tem origem etrusca e é encimada pela Fortezza, um forte do século 14 de onde ainda se avistam vinhedos, bosques e prédios de época. As autoridades locais isentam de impostos quem esconde instalações modernas e, assim, em Montalcino a paisagem e as colinas remetem ao passado.


Nessa área, o vinho mais festejado é o brunello di Montalcino, produzido com a varietal sangiovese grosso. Entre os diversos produtores do legítimo vinho brunello, Gualtiero Ghezzi chama o seu de Camigliano.


Cerca de 150 mil garrafas/ano são produzidas e, por lá, cada uma é vendida por cerca de € 100. Estima-se que 10% da produção desse brunello da Camigliano se destine ao Brasil, onde é importado pela Casa Flora.

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